A maioria das empresas numa pesquisa de satisfação pergunta aos seus clientes se estão “satisfeitos” com o produto. Mas aqui vai uma verdade importante: satisfação não é o que move crescimento. O que importa é se o seu produto é tão essencial que os usuários ficariam muito decepcionados se ele deixasse de existir.
Essa é a lógica por trás de uma das ferramentas mais simples e poderosas para avaliar Product-Market Fit (PMF): a pesquisa de “must-have” criada por Sean Ellis, autor de Hacking Growth.
A pergunta mágica para medir o Product-Market Fit
A metodologia de Ellis começa com uma única pergunta:
“Como você se sentiria se não pudesse mais usar este produto?”
a) Muito desapontado
b) Um pouco desapontado
c) Nada desapontado (não é tão útil assim)
d) Não uso mais
Se 40% ou mais dos entrevistados respondem “muito desapontado”, você está diante de um sinal claro de que seu produto é essencial para um grupo significativo de usuários. Ou seja, você tem PMF.
Ao chegar nesse ponto, ainda há algumas coisas a se fazer.
Por que essa pergunta funciona como Pesquisa de Satisfação?
Sean Ellis explica que o nível de desapontamento é um melhor indicador de lealdade do que a satisfação, pois reflete apego emocional e dependência funcional. Em outras palavras: é quando o produto se torna indispensável que o crescimento realmente começa.
E se você não atingir os 40%?
Aí entra o trabalho estratégico. Nessa pesquisa, você pode ter uma série de outras perguntas complementares para entender:
- Quais alternativas o usuário usaria?
- Qual o principal benefício percebido do produto?
- Como eles descreveriam o produto para outras pessoas?
- Que tipo de pessoa mais se beneficiaria dele?
- O que falta para o produto atender melhor às necessidades?
Essas respostas ajudam a refinar o posicionamento, a proposta de valor e até o foco de desenvolvimento.
Pesquisa de satisfação com foco em produto, não ego
Times de produto devem evitar armadilhas como buscar apenas elogios ou medir NPS em busca de uma nota bonita no slide da reunião. A pesquisa de “must-have” é honesta o suficiente para dizer que o produto está indo pelo melhor caminho ou não.
Por isso é valiosa. Ela é mais útil como bússola estratégica do que como selo de validação.
Essa abordagem também casa perfeitamente com os princípios modernos de Product Discovery e Product Strategy, nos quais o foco é aprender continuamente com os usuários certos, validar hipóteses e ajustar rumo com base em evidências reais, não apenas intuição ou desejos internos.
Seu produto precisa ser insubstituível
Antes de escalar, investir pesado em aquisição ou celebrar um “lançamento”, pare e se pergunte: quantos dos seus usuários atuais ficariam arrasados se seu produto deixasse de existir amanhã?
Se a resposta for “menos de 40%”, o desafio não está no marketing. Está no produto.